quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Azul e Verde

Deixo essa cidade e meu quarto azul com três fotografias emolduradas na parede. Esse quarto nao tem vida. Apenas eu que assombro-o com meus devaneios poéticos e silenciosos. Deixo essa cidade em busca do ouro de tolo. Em busca de aventuras e amores. Deixo essa cidade não como a conheci. Hoje ela está branca e fria. Me sinto igual a ela quando perâmbulo entre as calçadas em neve. A gota da chuva na arvore caindo sob minha jaqueta. O frio entrando pelo buraco furado do tênis que herdei do meu irmão.
Me sinto velho desde quando completei 1 ano de vida. Ou mesmo quando resolvi ter consciência da vida ao entrar no teatro. Ele me assombra. Tenho fantasmas que surgem como personagens de Macabeth. Necessito de um pouco de paz nessa guerra constante que traço no traço rabiscado que fora desenhado quando tinha lá meus quinze anos. Sou jovem desde quando completei 30 anos e ao sentar à mesa vi meu pai, velho, sem cabelos e uma pele frutífera e pensei comigo: " Ei de ficar assim também!" Bateu-me uma nostalgia. E dela nasceu uma tramenda infeliz alegria ao descobrir que também vou ficar velho que nem os velhos que vejo andando nas ruas da cidade.
Deixarei esse meu quarto azul com três fotografias P&B emolduradas na parede. Em meu ultimo aniversário ganhei de presente um pedaço a mais da pizza que como toda a terça-feira e que deixarei de comer pois estou de mudança novamente e com ela duas cocas; na noite anterior do meu aniversário ganhei hambúrger. Ah, teve a cama também que resolvi montar nas duas ultimas semanas que me restam (hoje alguns dias). Presentes são que nem comidas resta-nos apenas a lembrança e o sabor. O resto, é apenas o resto.
Deixarei esse meu quarto com quatro estantes pequenas onde faço minha bagunça. Dinheiro (o pouco que me sobra) cigarros, cedas, um despertador que ganhei para enxer meu ouvido todos os dias as 7:30am para não faltar no trabalho. Abaixo das estantes há um aquecedor mas divesas vezes acordo com frio porque os fantasmas roubam meu cobertor. Da janela desse meu quarto azul vejo a rua, e em frente há um campo de onde atletas da Universidade treinam futebol americano (por uma vez apenas vi uma pelota) Agora está branco e frio. Não há ninguém lá. Apenas aves na parte da manhã que não sei qual espécie.
Deixarei esse meu quarto azul com as quatros estantes e as três fotografias P&B emoldurados na parede. Não sei quando volto ou se realmente volto. Mas sei que quando voltar, esse meu antigo quarto azul não será mais azul, será verde.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Anunciação

A morte se anuncia perto.
Longe do mar mas perto do lago.
Em outra língua. Em outro bairro
Ela anuncia devagar, sem pressa
A morte é um rascunho de cacos de vidros
A morte se anuncia na esquina
na rua, no beco, nas praças
em todos os lugares
Ela vai a passos lentos
deixando as pegadas na neve
na cidade do vento
A minha morte se anunciou
nao mostrou o rosto e não tem cicatriz
ela se encontra na estrada
é la que morro e sinto seu beijo
dilacerando meu peito
num suspiro lento
Anuncio minha morte
terrível morte dos sonhos
que nao vive de realidade
me jogo contra ela, que já me espera
não quero, quero
Quero o beijo do desconhecido
do acaso do proibido
escondido debaixo das pontes
ou escancarado no outdoor
Não existe tempo nem preparo
a morte me chama e com ela
preciso encarar meus fantasmas
escolho quem ela vai ser
a morte nao tem cor nem religião
a morte é pagã
precisa de cor e coração
nao apresso, ela é pontual
não desejo, saberar saciar-me
apenas espero e conhecerei
seu beijo dilacerando e  me consumindo
A morte mata minha fome e arranca minha lingua
a morte é um paradigma.




Garanhuns - PE - 2009

Parque Ruber Van Der Linden

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Flores de Agosto

O Amor invadiu meu quarto
invadiu meu ser e meu querer
O Amor me comeu
O Amor morreu

O Amor invadiu meu corpo
invadiu tudo a contragosto
invadiu até meus sonhos
O Amor se foi nas flores de agosto

O Amor! Quantos amores
sofrimentos alegres de um poeta
O Amor apenas invadiu
bateu na porta e se partiu.

Para Alguém Especial!

sábado, 27 de novembro de 2010

Saudade não existe

Depois de uma sessão de Câmara Hiperbárica na Zona Norte fiquei de encontrar um amigo para tomar umas cervejinhas de praxes na Rua Augusta. Ligo pra ele diversas vezes e nada. Telefone ocupado. Insisto e continuo na mesma, sem resposta. Vou no bar e compro uma cerveja. Fico impaciente pois o tempo vai passando. Acendo um cigarro e com um copo na mão fico vagando com meus pensamentos. Um jovem, tanto quanto eu usava a camisa do corinthians, meu querido e saudoso time. Começamos a conversar e me convidou para sentar à mesa com ele (que estava com uma amiga). Falei que precisava telefonar e logo mais eu iria e agradeci prontamente seu convite. Indignado por não conseguir falar com ele (meu amigo) pego minha cerveja e vou àquela mesa do rapaz que me convidou. Sirvo seu copo e da sua amiga e começamos a conversar.

Quando conhecemos alguém, sempre é o mesmo assunto: De onde vem? O que faz da vida? Trabalha?.Toda essa rotina de perguntas é um saco. Logo, somos nós quem ritmamos a conversa e sobre o que conversar. Assuntos mais dinâmicos, sobre a brevidade da vida e o acaso da morte. Entender qual a logica do sistema. E tudo o que temos direito. E conforme íamos conversando, íamos bebendo e fumando e rindo, rindo muito. E levando tudo a sério com uma pitada de comicidade. Quando menos espero aparece um outro amigo e depois mais outro e pronto. A noite vai ser longa mas, eis que chega a hora de partir e viver a realidade. Eu, nada tinha para fazer pois estava de viagem marcada. Os outros, tinham que estudar e trabalhar (menos um amigo que denomino aqui como Lumpén, minto, ele ao menos estuda) Até alguns dias atrás eu era um vagabundo de carteira assinada.

Fiquei com esse dia na cabeça. Sou extremamente apaixonado por acontecimentos repentinos. Dá mais graça a vida pois não segue uma razão. Até porque, isso é completamente desnecessário. Deixe as coisas fluirem e permita-se que as coisas acontecem. Essa frase ja está em mim, definitivamente.

Lembro dos teus olhos
sorrateiro, disfarçado
um tanto engraçado
me perco no acaso
Ah, se pudesse ser mágico...


Ao chegar em casa, fiquei contente e muito satisfeito com o desfecho da noite. Somos nós mesmos nosso proprio condutor. Nós que dizemos onde vamos e o que queremos, quando não, começamos pelo que não queremos. Viva essa vida de acasos e sorte. Só ela pode definir nossa razão. Contudo, fico-me a lembrar daqueles olhos ah! Quantos olhos, quanta sinceridade. Mas, o certo é que saudade só existe em lingua lusitana: Saudade não existe.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mu Chebabi.

Ligo o som. Uma musica tocando que não conheço. Palmas, berimbau e um ritmo que me leva ao passado: aos sambas tocados nos fundos de quintais do Rio de Janeiro. Uma batida diferente e um novo som que acabei de descobrir. De quem falo? Mu Chebabi. Carioca da gema. Mais de 10 anos tocando um 'novo som'. As vezes, ao ouvir outras musicas, sinto uma lembrança de Eduardo Dussek, um pouco dos anos oitenta/noventa. Uma comicidade sonora e um letra afiadíssima. Um hit mais dançante com uma 'pitada' de funk, hip-hop e por aí vai.

Seu primeiro trabalho intitulado Mu Chebabi - Chebabi vem do Árabe que quer dizer Amigo - e Mu, abreviação do seu nome, Murilo. Murilo 'Amigo' ou 'Amigo' Muilo...

 Veja que no próprio nome tem uma raiz que vem lá das 'arábias' e soube ser simples em abreviar o nome e usar o  sobrenome - "Chebabi''. As vezes precisamos ser simples (simples não é falta de criatividade).Música é também filosofia. Música precisa trabalhar não só a razão. Precisa de alma, 'feeling' permitir construir e desconstruir sem apego. A obra nunca está acabada e o poder de sensibiliade em ouvir música (quando digo em ouvir música quero dizer que, em tudo há uma música, entende?!) deve ser trabalhado. Não me importo qual caminho será percorrido.Tem que haver criatividade. Neste caso aqui tem pois, soube mesclar muito bem os ritmos brasileiros: desde o clássico ao chamado 'mundo moderno'.

IMPORTANTE!
É preciso um momento de devaneios.

"Batuqueiros de mesa" parece que... Sabe quando você está em casa sozinho, ouvindo o som no ultimo voloume e que faz você até ouvir os gritos da galera cantando? Pois então, ouço nitidamente os gritos da galera cantando junto como se estivesse agora na praia de copacabana no auge dos anos 80: funk, com samba com rock (uma feijoada sonora) e brinco: samba-funk-rock. Me fazendo lembrar nomes como Blitz, Lulu Santos, Fernanda Abreu, Gabriel O Pensador, Pedro Luis e A Parede e Monobloco (esses dois um pouco mais recente do público de massa)

Mu Chebabi só pode ter influências de grandes artistas. Ao usar instrumentos como sax e trompete dá uma dinâmica de tempo ritmico, de musica dançante. E junto com uma bateria que tem uma pegada do rock cadenciando pro samba e o funk como ritmo final dessa nova roupagem que dá à Música Popular Brasileira.

Não quero mais desligar o rádio. Tenho muitas coisas a fazer. A criança tá chorando mas preciso ouvir mais silenciosamente o som que acabo de conheçer. Infelizmente não é esse o noticiário nos Jornais Burgueses no país. Matéria atual do Jornal Nacional e demais Jornais. "Rio de Janeiro vive um caos urbano".
Prefiro encerrar essa 'minha matéria' que, mesmo não sendo do Jornal Nacional, creio que tem mais dignidade aos pequenos mas queridos leitores. Que termina assim: "Rio de Janeiro tem um novo caos da Musica Brasileira, chama-se Mu Chebabi!"

Evoé.

http://www.myspace.com/muchebabi

Nem luz, nem Guia

Busco minha paciência no poço
Não tenho luz e nem guia
Sou cego e impaciente
Busco minha paciência
no fundo do poço
Sou persistente.
Minha falta de paciência
faz me pensar o que seria o poço!?
Minha alma.\

sábado, 20 de novembro de 2010

Agora sei o que escrever

Não sei sobre o que escrever. Minha ansiedade atrapalha. A vida vivida intensamente sempre me seguiu durantes anos. Hoje, creio que estou aprendendo o outro lado: a vida vivida pacientemente. Penso que isso seja passageiro. Precisamos de um momento como esse para pensarmos sobre nossas relações com o mundo e com tudo que há nele. E a própria vida vivida pacientemente, é também vivida intensamente pois precisa se doar ao tempo dela. Vivê-la. Viver a paciência. Permitir a pratica. Resultados virão como tudo na vida. O tempo dele é incerto. Pois não segue o tempo no qual vivemos (cronologicamente) e sim um tempo cósmico, energético. São essas forças que nos movem. A energia lunar e solar. A energia da natureza (do latim natura, aquilo que tem como característica fundamental o fato de ser natural).
Estou perdido nessa imensidão do mundo. Mas, esse mundo onde vivemos ele também pode ser pequeno, do tamanho da palma da mão. Basta coragem e ter paciencia para viver novas aventuras.
Vivo me perguntando o que fazer da vida. Faculdade? Ainda não sei. Qual profissão? Ator? Músico? Escritor? Fotógrafo? Poeta? São tantas coisas que posso fazer e que me deixa com a alma radiante que não consigo me enquandrar em apenas uma unica atividade. O mundo é grande e a vida é uma só para fazermos apenas uma coisa e ficar em apenas um lugar. Logo, vivo de fazer arte pelo mundo. Faço dela meu guia e minha proteção. Não desejo sucesso, nem felicidade e nem riqueza. Desejo apenas que não pare de me expressar e que, de todas as profissões (hoje em dia artista virou profissão)ou melhor dizendo, dentre todas as artes apenas uma é que me faz pensar sobre o segredo do universo: o teatro. Alguns anos que me ausentei dele. Recentemente pude voltar ao palco. Fiz um trabalho pequeno, uma 'esquete' (cena teatral). É que nem andar de bicicleta. Você nunca esquece. Saberá encarar o publico e não ter medo. É. O publico dá medo. Ele pode ser teu sucesso ou teu fracasso. Mas quem dita isso, é voce mesmo. No entanto, basta ter paciência e viver com a alma.O resto virá e a própria natureza se encarregará disso


Tenho medo de me encarar
frente a frente no palco
olhando com os olhos do público
medo de perder meu rumo
Tenho medo de ter que acordar cedo
e bater cartão no banco
isso pra mim é o fim
Logo eu, que sempre e tanto vivo
a contragosto da razão...
quem dita minha vida
e tem o poder de ritmar
é sem dúvida, meu coração.


Com tantos medos escondidos e guardados a sete chaves consigo me esquivar e viver a coragem que em mim nasce todas as manhãs quando lembro que: 'o que me faz viver e estar vivo é saber que não tenho certeza.' Permito-me a dúvida e sigo cantando pra ela e com ela.Juntos. Fazemos nossas vidas e acreditamos nas certezas que são meros fatos históricos vividos que serve apenas para acalmar a razão. Agora sei o que escrever!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Guy Debord

Vivemos numa Sociedade do Espetáculo sem aspas e com as inicias maiúsculas, pois se tornou nome próprio.


"Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido e se esvai na fumaça da representação." (Guy Debord em A Sociedade do Espetáculo)

"...O ponto central de sua teoria é que a alienação é mais do que uma descrição de emoções ou um aspecto psicológico individual. É a conseqüência do modo capitalista de organização social que assume novas formas e conteúdos em seu processo dialética de separação e reificação da vida humana. Como uma constituição moderna da luta de classes, o espetáculo é uma forma de dominação da burguesia sobre o proletariado e do espetáculo, sua lógica e sua história, sobre todos os membros da sociedade.Debord mostra algumas estratégias que buscam resistir à alienação através da supressão ou derivação da realidade espetacular, destruindo os valores burgueses tal como a submissão ao mundo do trabalho." (Fnte:Wikipédia)
Leiam Guy Debord!

Tatuagem

Me aproprio do que não é meu mas que ja faz parte de mim. Já está há anos em meu corpo. È como se fosse uma tatuagem onde sou reconhecido por mim mesmo, quando as vezes me olho no espelho e não lembro quem sou. São ideias que andam sozinhas por si só.Dei vida à elas. Pois agora são minhas.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ultima bomba

Não sinto minhas pernas
elas se foram na ultima guerra
Não sinto meus olhos
eles se foram com os sonhos

Não sinto minhas mãos
elas se foram junto com as pernas
Não sinto meu ouvido
ensurdeceu na ultima bomba

Sinto-me inocente e culpado
vitima e carrasco
Não quero mais rosa nem cravo
Quero apenas um olhar
e poder fumar o meu cigarro.

domingo, 24 de outubro de 2010

Around World

Quanto mais intensamente vivo, mais descubro pessoas magnificas. Com o coração do tamanho do mundo. Dificil conhecer, nesta "sociedade espetacular" na qual vivemos, pessoas com o coração generoso. Neste país onde o dinheiro vem em primeiro lugar; quando não se têm mais relacionamentos cara a cara; onde as taxas sao abusivas e o desemprego assustador. Um pais que "acha" que são os donos do planeta. Porém, fazem suas próprias covas quando a desigualdade está aí, na sua frente. Onde as pessoas vendem a própria mãe para fazer negócios e dinheiro; o comércio, a venda sempre estará em primeiro lugar.

E nesse cenário, tive permissão em conhecer pessoas que sao diferenciadas. Não há moralismo, nem preconceito e querem, antes de qualquer coisa viver.

Quero continuar descobrindo essas pessoas 'around world'. Elas existem e precisam ser conhecidas.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quadro Branco

"O que desejas não têm nome
nem cor, nem classe, nem aparato
Têm cheiro, esse desejo
têm história e estória
têm começo, meio e fim
E têm rima também
Têm poesia, e ritmo.
Ele é um quadro branco sem nome
esperando voce pintar."

sábado, 16 de outubro de 2010

Pra tudo pede-se licença, menos à ir ao banheiro

Raul escreveu a seguinte frase: "Não sei onde estou indo mas sei que estou no meu caminho".
Permito-me, sem permissão, tomar a mesma pra mim. Estou indo pra algum lugar que nao sei onde. Nao sei se quero ficar ou se quero partir. Não tenho diploma, doutorado, mestrado e caralho a quatro. Não busco especialização de coisa alguma. Não sou burguês. Não quero ser especialista em assunto que se sabe menos cada vez mais. Tento, ao invés, especializar--me em mim mesmo. No Eu que me domina. No Eu que sou mas que, ainda hoje não sei qual é. "Qual flor de uma estação. Botão fechado eu sou.Se amadurecendo pra se abrir pro meu amor"

De tantos poucos caminhos já percorridos. O que mais quero é percorrer o que ainda pra mim é desconhecido. Onde o coração bate com medo mas que a coragem prevalece. "O medo é a nossa coragem" disse Rubem Alves em algum momento que estava com medo.

Nasci por causa de uma barata que minha mãe viu caminhando livremente na garagem do prédio. Ela ficou com tanto nojo e uma mistura de pavor de de repente invadir a casa e não querer mais sair, que a bolsa estourou. Mas, nasci sob o crisma do sol, ao meio dia em ponto. Regido por Sagitário, sou àquele que tudo quer, nada termina, mas que no fim sempre consegue. Cresci ao som de Raul, Eliz,Cazuza. Ouvia Rock das Aranhas e era como se fôsse o mundo de Bob: levava ao pé da letra. "Fazes o que tu queres pois é tudo da Lei" ouvia essa frase, cantava junto e ja entendia: sou diferente de mim mesmo. Li sobre a Lei Thelema, de Aleister Crowley e ja estava me formando. Nada sou a não ser dono de mim mesmo. Tudo posso mas nada é permitido."Não existe Deus se não o Homem".

Vieram outros artistas, novos amigos. E fui me debandar em outras terras. "A estória é uma estória e o homem é o unico animal que ri" disse um cara com nome engraçado do tipo Millôr Fernandes. Somos animais da espécio Homo Sapiens. O que isso importa? Porra nenhuma. Serve só pra quem não sabe ler.

Vou indo esse mundo afora
Num canto que é tão valente
Que mesmo se está contente
Fala sempre e a toda hora
quase num tom de quem chora
[...]Preciso de um canto longo
Pra explicar tudo que digo
Pra nunca faltar comigo
E lhe dar tudo o que trago.
[...]Apenas atiro certo
Na vida que é dirigida
Pra minha vida tirar


Cantou Geraldo Vandré sob a mira do exército.

Tenho a minha terra. Onde o mar é escuro e a areia gruda como quem não quer mais sair. Mas é minha terra. E dela, tenho permissão pra falar.

Nesse mundo, pra tudo pede-se licença. Fazer arte na rua; ao sair da mesa; passar pela multidão. Menos à ir ao banheiro!

Eu vou fazer o que gosto. Eu vou fazer o que gosto. Eu vou...

domingo, 10 de outubro de 2010

"Enquanto isso, na terra de Al Capone..."

" Nos mares longínquos, tento fazer arte. Porém, nesta vida, ou melhor dizendo, neste regime de licença e permissão, tenho que ter a minha. Sem ela, não posso fazer, mesmo como turista. Sei que a dificuldade é grande, na verdade, ela existe por si só: não pede licença.

Enquanto isso, sigo ar, onde não há praia, apenas lugar. Na terra de Al Capone, tenho que ter permissão para ser artista e mostrar minha arte."

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Insustentável Leveza do Olhar

"Meus caminhos se confundem com as fotografias. As letras e palavras são retratos da vida cotidiana. Se perdem na magia da lente da Yashica herdada pelo meu avô.
O que vejo é o que sinto. Meus olhos se vai com o olhar da camera. Insustentavel leveza do olhar.
Minha vida é um retrato em preto e branco. Apenas as expressões dão vida àquelas marcas históricas na face da terra. Na minha face.Na minha cara. Lembranças não há. Saudade? Apenas no meu dialeto criado pelos meus ancestrais oriundos de diversos continentes.Vários países. Linguas, cultura, etnias. Meu caminho se confunde com a história desse texto. Escrevo sob o calor do sol que bate na minha janela às duas. Tarde quente. O vento suave e a brisa do mar mistura com o ar da ansiedade que bate em meu peito, ataca meu estômago e invade minha vida.
Tudo se mistura em mim. Confunde tudo e fico confuso. Me liberto dessa confusão. Fico livre e vou à busca quando meu coração diz quando bate descompassadamente:' "É hora de ir à luta".
Corro pro mar. Peço licença à Yemanjá e mergulho até o fundo. Renasci do fundo do mar da mãe Odoiá.Faço as malas e me perco nesse caminho.Sou leve, livre. Meu destino é o mar.Meu guia o ar.Minha força o fogo.Minha dor a coragem. Meus santos - o povo Bantu.
Nesta tarde que termina a brisa sopra e leva meu corpo.Me jogo no ar como um pássaro.Sou ele.
E assim, tiro a ultima foto com a maquina Yashica herdada do meu avô. Faço dela meu caminho e meus olhos o espírito.A força nasce desse edificio.Tudo é preto e branco, insclusive minha alma."