sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"...ele não bate na porta..."

Por alguns instantes o passado veio a tona.Palavras ditas e jogadas fora.Desejos queridos e esquecidos no mar.Por alguns instantes o passado voltou como gota de orvalho.Um oásis sutil.Um deserto vil.
O passado volta sem porquê, quando, como e onde.Não avisa.Não marca horas.Ele chega de repente e depois vai embora.Trás consigo oras lembranças boas oras lembranças que queremos esquecer.Mas ele vem.Vem sem perguntar se a porta está aberta.O passado não bate na porta.Ele vem pelo ar, oxigenio.Pela fumaça do cigarro.Pela sonoridade do coração.Voce sente, passeia com ele pelo tempo e ele se vai.E voce fica, sentado, lembrando ainda daquele passado que as vezes, se faz tão presente quanto a vida de agora.

Por alguns instantes, todos aqueles sonhos sonhado juntos formaram pétalas de flor.Um girassol.Se formou as cores do arrebol.Formou...O que formou?Nada.Nada se forma quando deixamos de sonhar.Igual um desenho inacabo tentando criar uma forma.Mas ele ainda não tem a devida forma.Podendo ter, se o sonho dele de existir for o mesmo do desenhista que o desenha.Caso contrário não passará de um forma querendo ter vida.

Por alguns instantes o passado voltou.Mas ele não bateu na porta.Ele entrou e depois foi embora esperando voltar outra hora.

domingo, 22 de novembro de 2009

"Onde tu moras"

Tu moras lá
onde nasce o sol
e repousa o luar
Tu moras lá
onde nasce o amor
e retorna os ancestrais
È lá, onde tu moras
Onde nasce o tambor
e ressoa a Nação Nagô
Onde tu moras
veio tua mãe
teu pai,teu filho,tua vida
È lá, bem lá
onde é de Bem morar
onde seu lugar é junto do bem
que vem e vem e vem
Nascer o sol
e ver pousar a lua
è la, onde tu moras
o canto da solidão
inda canta nos corações
quando Mia, cauteloso
de lingua lusitana
do alambique
da cachaça, de Moçambique
é lá, onde tu moras
Onde os Deuses
Orisas
Onde Yemanjá
quando encanta Janaina
quando encanta  o pio do pássaro
onde encanta aquela que anda
onde ecoa o grito de Fernanda

À Fernanda Almeida pela sua energia que vem de lá que me alimenta
onde ressoa os tambores de todos os Orisás

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"è doce morrer no mar..."

Daqui alguns dias, este poeta que escreve aqui; este velho ancião que acordou menino (palavras de Rubem Alves).Completará anos.Sempre fiquei meio assim.Temos medo da velhice.Mas, disse me algum amigo meu.Espero que ele nao leve a mal por nao ter lembrado o nome dele.Esse amigo cujo o nome se vai aos pensamentos, disse-me que completar anos é magnifico.Que mostra nossas experiencias.Aventuras.
E concordo com ele.Apesar de termos medo do futuro e da velhice, consequentemente, temos que ser grato com a vida, de nos dá mais um ano dela.Para que possamos viver mais intensamente e tentar fazer tudo àquilo que ainda não conseguimos fazer.Mesmo não sabendo quando vamos morrer ela nos dá a benção de vivê-la.E/ou lembrar daquilo que vivemos.

Charles Chaplin disse a seguinte frase:"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha. É porque cada pessoa é unica e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida deixa tudo de si e leva um pouco de nós. Essa é a mais doce prova de que na vida as pessoas não se encontram por acaso."
È exatamente assim que a vida nos dá.Quando deixamos algo para ela e levamos conosco algo que ela nos deixou.

Como disse Dorival Caymmi.O poeta do mar: "é doce morrer no mar".

È onde quero estar quando deixar de compor.Pois, do mar viemos e para o mar voltaremos.Levo o que vivi e deixarei minha estória: para que posso acontecer sempre, existir sempre, mesmo nunca tendo acontecido.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Ultima Primavera"

Esqueci-me dos teus olhos
teu sorriso me vem como névoas
Esqueci-me do teu perfume
tua alegria pairou no ar daquele friúme
Esqueci-me do jeito que tinhas de menina
teu sonho se foi junto com a última rima.
Esqueci-me do teu rosto
Esqueci-me dos teus desejos
lembro-me apenas dos lampejos
quando te olho no antigo retrato de fotografia
que se finda junto com os passos
que dei em tua companhia.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Pergunta"

Por que a razão desconfia dàquilo que o coração senti?

domingo, 8 de novembro de 2009

"Abrindo a porta"

Vivo um sonho
sonho construido de minha imaginação
ou será mesmo realidade que vivo,
porque quando te vejo, bate desconpassadamente meu coração?!

Vivo acreditando naquilo que eu mesmo contruí
abro a porta e deixo voce entrar
depois fecho e não a deixo mais sair
me sinto feliz quando contigo posso sonhar.

Quero ser teu assim
seu pai, seu filho, sua mãe
peço-lhe sua mão
e lhe dou um beijo amanha de manhã

Acordo sem pensar
sou teu como sou do ar
tu és minha como ondas do mar

Deixa-me entrar dentro de ti
e peço,gentilemente,não me deixe sair
deixo-te entrar em mim
para sermos felizes,assim!

Àquela moça que hoje me faz sonhar
quando me lembro dos teus olhos
que tanto me faz amar!

"Dorival Caymmi"



Fiz uma viagem
Bem longe do mar
Talvez encontre com a Rainha
Na festa de Yemanjá
Dora me acenou um dia
na sacristia da igreja
foi pra algum lugar
onde vive a alegria
Peguei minha jangada
fui até Itapoã
encontrei alguns pescadores
que me contaram suas tantas histórias de amores
Quando cheguei na Bahia
comi aquele vatapá
que apenas a baiana sabe fazer
sem nunca deixar queimar
Quando cheguei nesta cidade
deparei-me com a linda Gabriela
que disse para eu ficar
respondi que ficaria
com sorriso nos lábios
fui viver também minha alegria
Minha jangada voltou só
fiz uma rede na varanda
e fui ouvir aquela canção
o vento soprou na minha cara
quando apereceu meu amigo João Valentão
Fui me benzer no terreiro
de minha mãe menininha
que disse que meu amor
aqui eu iria encontrar
pediu-me que fosse até o mar
para saudar a Rainha de lá
São tantas estórias que tenho pra contar
que é mais fácil eu assim cantar
porque eu quero morrer
o bem de amar
como me confessou aquela vizinha
lá do lado de fora:
'é doce morrer no mar'!

"Acorda"

Acorda.
Abre os olhos.
Levanta-te e se apruma.
O dia começa
sem saber em quantas pedras irá tropeçar
Sem saber se a metereologia acertou: chuva ou sol?!
Acorda.
Penteia-te os cabelos
deita-te na rede que colocou para àquela visita
que nunca veio;
descansa tua alma teu corpo teu espirito:a vida requer energias
para seguir assim.
Acorda.
È facil viver a vida
dificil é viver no sonho...

"Sonho da Atriz"

Buscastes no palco
a triste ilusão perdida
Se foi com ela os sonhos
mas ficaram as alegrias da vida
Vivestes o sonho da Atriz
morreu,sofreu,amou
num palco sagrado, enfim
Fostes embora a pé
cantando a vida como ela é
Correstes dos pesadelos
suou e cansou até se saciar
Dormistes exausta no sofá do camarim
Fizestes um brinde sozinha
abriu a janela e sorriu pra lua sem fim

"Passado e Presente"

Não sou àquele que busca a perfeição
Não sou àquele que tudo pede sem nada dar.
Não sou nada além de mim mesmo
Não sou nada além do começo e do fim
Se ontem fui ator
hoje não passo de um espectador
Se amanha eu me tornar um ancião
é porque outrora fui um fraco vilão
Não sou àquele que espera para viver
sentado esperando algo acontecer
Sou àquele que com intensidade
vive a realidade que a vida nos dá
Mesmo sem saber qual será nossos caminhos
vivo respirando o ar do mar
e colhendo todas as rosas com espinhos

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Canção"

A vida é bem engraçada.Tem coisas que acontecem conosco que, por mais que sejamos seres racionais, nossa própria razão desconfia.Não consegue explicar.Entao, fica para o coração, nao explicar e sim sentir.Sentir o que não pode ser dito: "Quando racionalizamos àquilo que sentimos, deixamos de seguir um fluxo natural da vida."
A vida tem seus fluxos naturais que não adianta não enxergarmos.Temos que sentir.Vive-la.Apenas isso.Viver da melhor maneira possivel.Intensamente.Pois, a unica coisa que deixaremos aqui na terra para as proximas gerações serão o nome e as histórias que se tornaram estória: para que possa sempre acontcer,mesmo nunca tendo acontecido.
Minha vida é intensa.Ja fui Rei e Ladrão.Ja fui Rapaz e hoje sou um jovem ancião.Não penso no amanha apenas.Imagino o amanha que nem o Bob (sim, do Fantástico Mundo de Bob).
A vida é boa para vivermos em apenas um lugar só.Não somos brasileiros.Somos seres humanos, habitantes da terra.Portanto, somos terráqueos que os seres de outros planetas tentam conhecer.Mas, estamos muito aquém deles.Quando deixarmos de ser orgulhos,maxistas e preconceituosos, talvez não mais existiríamos.Talvez...
Sigo cantando canções de amor para o amor.Do amor com o amor.De tudo.Seja em frances ou em portugues.Seja em bantu ou tupi guarani.Seja em japones ou espanhol.Pouco importa.O que importa é o que e à quem vamos cantar, contar.

"Canto o amor
que me beijou
que me roubou
que me matou
Canto o amor dele
o amor dela
o amor seu
o amor meu
Canto o instante
nesse constante gira-mundo
Canto meus prantos
nesse caos insano imundo
Canto sem pensar
Canto lembrando-me do mar
Canto para o jardim
Canto para teus olhos
que sorri assim"

Pois é assim que vou vivendo.E continuarei.Sempre cantando, contando,amando.Pois, o amor que me beijou foi o mesmo que hoje me faz amar.Mesmo sem (querer)acreditar é ele que nas noites de lua me faz sonhar e chorar sozinho sem perguntar qual será meu próximo caminho.
Não há nada mais belo
que o nosso olhar
Vemos o que não entendemos
E sentimos o que não vemos!



Garanhuns-PE
Dez/2008

Parque Ruber Van Der Linden

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Meus 90 e tantos anos..."



"Cansei.Cansei do atos massantes de Shakespeare.Cansei de Grotowski e seu teatro sem cenário.Cansei da feia sorrindo na janela, esperando o principe encantado no seu cavalo branco.Cansei da minha casa.Do camarim as vezes sem luz e sem conforto.Das bocas de cenas remendadas com fita isolante.Cansei de ter que pisar aqui e inventar um amor inacabado.Cansei de voce, que me olhas com medo, querendo fugir deste lugar porque foi obrigado a crescer mais inteligente que o seu irmão.Cansei de tudo que me envolve.Cansei de ter que sentir na rosa, o coração do poeta jovem.Não quero ser estóría da minha história.Quero sim, ter história para saudar minha estória.Cansei de decorar aquilo que só usarei aqui.E mais nada.
Enquanto sou o centro de tuas atenções, meu corpo estremece porque não sou pálio à minhas tantas paixões.Queria fugir com voce.Fugir para poder viver e construir o que neste verossímel tablado se criou com minhas palavras.Eu quero ser o cansaço da minha alma quando repousa naquele macio colchão que comprei no dia do nosso casamento.Quero ser o cansaço da tua vida que olhas despercebida teus sonhos indo contra as tantas noticias.Quero ser o descanço das minhas pernas cançada numa bacia gelada que me fez para me agradar.Quero.Na verdade, quero continuar cansado.Viver cansado.Sem deixar de sentir num friúme por dentro o que tanto me assola.Porque, mesmo cansado e com meus 90 e tantos anos, é aqui que quero lembrar minha vida e deleitar o encanto da minha morte!"

FIM


"Saudação ao Ator"




"Abrem-se as cortinas; Acendem-se as luzes.O ator prepara-se no camarim.Frio na barriga.Ele entra.E entao, tudo é sonho, fantasia, ilusão.Sente o espetáculo na mão e a lembrança no peito.Não tem jeito.Ele é ator.Sente com tristeza a lagrima de uma criança.Chora.Sente com alegria o sorriso de um velha.Sorri.E com um suspiro vindo do âmago da alma, vê na morte a unica certeza.Mas, sabe que é na vida onde se encontra as grandes belezas.Ele termina, agradece o público e volta a ser um transeunte.Que ninguem vê; ninguem o percebe; ninguem lhe ouve.E são nesses momentos cotidianos onde ele mais atua.No entanto,é no palco onde ele relamente enleva.Deixando pra trás as pegadas que dera e pensando no presente que recebera: uma rosa com espinhos que uma criança lhe entregara para acalentar teus arduos caminhos.Ele olha sente sorri e chora e a certeza de que a vida é 'um palco iluminado' e em versos e prosas se vai esperando a proxima hora para brilhar na ultima aurora."

Dedicado ao meu irmão de alma.Vindo de outros lugares, outras vidas.
À voce, meu raro poeta,

Fernando Solera (Poeta)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Pitadas de dor"

O medo que tenho em te ter
é o mesmo que tenho em não querer te ter
O medo que sinto
é o mesmo da coragem que presinto
Não sei nada.
Apenas vivo nesta estrada
que tem doses de amor
com leve pitadas de dor.

"O peso da paixão"

Tudo era de brincadeira
o sol ardia na pele;
o suor esorria pelo rosto;
teu desejo exprimia-se a cada gesto meu.
Tinha dias que tu brigavas comigo
Quando acordava era um bom dia
Quando chegava era um beijo de paixão
e as vezes, teu olhar, sorria de compaixão.
Não me lembro das noites mal dormidas
pois tua presença era clara e constante
não me lembro das lágrimas escorridas
pois teu carinho era alegre e a todo instante.
As vezes me sentia só
feito uma criança quando dorme no escuro
e eram nesses dias que tu mais me amavas
me fazendo dormir sem sentir que tu já tinha partido.
Meu amor por voce foi intenso
e quando disse eu te amo
tudo não passou de um sonho:
partiu sem deixar rastro
apenas a lembraça de alguém
que um dia muito lhe desejou.

À Raquel Fernandez

"Finados"

Saudemos hoje os que ja foram.Que partiram para o além-mundo da vida.Oremos cada um vossas orações partculares à cada seres que ainda nao se encontram entre nós.Saudemos dia 2 de Novembro.Dia dos que morreram.Morreram por morte matada ou morte anunciada.Morreram pelo coragem de nao mais querer viver ou pela falta de, de não querer morrer.

Suplicamos a Vós, que ouvem este grito de pesar.Que sentem com saudade o que a estória torna lembrar.Saudemos os que por aqui vieram e como eles também vamos.Saudamos todos, todos eles: anonimos perante a totalidade; famosos perante a massa.Saudemos o João, José, Maria, Sebastião, Tomé.Saudemos Ricardo, Carlos, Humberto,Gilberto,Roberto.Saudemos Luzia,Luiza,Ligia,Marina,Carolina.

São tantos nomes, sobrenomes.São tantas estorias históricas que pouco deles conhecemos.Saudamos àqueles nomes que não escrevi mas que ainda vivi na memoria dos que ainda vivem.

Oremos, proclamamos a dependencia da carencia em crer naquilo que desconhecemos.Juntemo-nos à todos que por aqui vivem, sem mesmo saber quando será o ultimo suspira pois eu: "Eu me sento/No trono de um apartamento/Com a boca escancarada/Cheia de dentes/Esperando a morte chegar.../Porque longe das cercas/Embandeiradas/Que separam quintais/No cume calmo/Do meu olho que vê/Assenta a sombra sonora/De um disco voador..."

"Deixe-me ser..."

Deixe-me ser a sombra da tua mão
A sombra do teu cachorro
A sombra da tua sombra

Deixe-me ser o que outrora não fui
O que agora me esqueci
que antes tanto menti

Deixe-me ser o teu caminho
As pedras, flores e espinhos
que perdi sem lhe dar carinho

Deixe-me ser àquilo que olhas
o jardim que planta e colhe
o passo dado na aurora

Deixe-me ser o passado
Deixe-me, apenas
que eu cante do teu lado

"Vestido Azul"

Quando lembro-me do teu beijo
meu corpo estremece
Quando me lembro dos seus olhos
meu corpo padece

Inda lembro do teu sorriso
sorriso viril de bem-ti-vi
que não sabia mais o que era isso
esqueci-me de tudo,menos do que vivi.

Sinto teu perfume por toda minha pele
que ainda não amadureceu
Sinto tuas lágrimas que dera
que tanto me rejuveneceu

Lembro-me quando te vi
vestido azul igual uma borboleta
parecia que entrava no céu
daquele teu imenso jardim

À Kelly Oliveira

"Navio de Estórias"


O percusso que ele faz, também farei.O mar que ele desliza, muito ja mergulhei.O sol que rasga o diafragma minha pele muito ja queimou.Irei junto com ele.Onde?Eu sei.Mas não falo, apenas sinto.Sinto que cada dia que vivo nesta cidade de pedra, mais perto estou chegando de onde quero ir.Por que?Eu sei.Mas, não me importa ficar aqui explicando o porque disso, porque daquilo.Eu sei e ponto final.Não vim aqui escrever um livro e sim contar minha 'estória'.Estória que se escreve com E pois não tem pretenssão de se tornar história.Como disse Guimarães Rosa :''a estória não quer se tornar história''.Acrescento uma frase de Rubem Alves, no livro "O Velho que acordou Menino": ''A história acontece no tempo que aconteceu e não acontece mais.A estória mora no tempo que não aconteceu para que aconteça sempre".

Minha vida, portanto, é um mar de estórias que mora no tempo que nunca aconteceu para que possa sempre acontecer.E os caminhos que irei, junto com o navio percorrer, será o mesmo que me trará de volta.Sem saber em qual porto irei parar.Em qual porto reencontrarei àquelas estorias que hoje me faz crescer.


domingo, 1 de novembro de 2009

"Aiô"

Gira no terreiro.Gira a cor.Gira a moça preta dos ancestrais africanos que no terreiro de Angola libera a dança que em ti se aflora.Gira Iãnsa.Gira Pai Ogum.Gira todos as cores de nossa mãe Oxum.E gira.Gira.Gira.Deixe a gira girar.A mãe preta que nos olha no terreiro.Saudamos nossa terra nagô que os negros oriundos do Yorubá, trouxe na malemolência as danças desconhecidas e hoje marginalizadas.Gira no terreiro da Mãe preta.Evoca o desconhecido tão querido porem, preconceituosamente pejorativo.
Gira os escravos Bantus, Voduns e Nagos.Deixem finalmente girarem as tribus desconhecidas."Descarrega este terreiro de minha mãe Oiá"
Saudamos com reverencia essa gira e nos encontraremos num futuro ilusósio todos que hoje não enxergam a nossa cultura vinda dos navios nagreiros.
E o samba encerra esta saudação tão esquecida por nós e tão dilacerada no peito dos nossa ancestrais negros mas que ainda ouvimos teus cantos por entre ruas e becos de qualquer cidade do Brasil

"Calunga qui tom´ossemá. Calunga qui tom anzambi, aiô"

 
"Aiõ meu Povo de Angola.Meu povo de Benin.
Que faz ainda parte de mim
E ouços teus cantos de cantos em prantos
Tuas lágrimas em sangue
Tua cor de mangue
Aiô meu Povo Nagô
dos gritos dos 'tambô'
tambor de minas
crioula
ouço o eco do 'sinhô'
Aiô meu Povo Jeje
que da alma se faz gente
dos dialetos que a terra sente
dançando nos terreiros
que aqui se faz presente.
Aiô meu Povo Ketu
onde sentem nas encruzas
o marasmo de Exu
sua cachaça e seu cigarro
perfumando as estradas
dos escravos outrora refujiados.
Aiô meu Povo Brasileiro
que na alma carrega o sangue negro
dos mesmos que hoje
voce açoita com preconceito
esquecendo enfim que eles
estão dentro dos nossos peitos.
Aiô todos os escravos
esquecidos nos porões
dos também esquecidos
navios negreiros."