quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"Passarinha"

"Queria cantar no palco
uma canção à um artista
Cantar uma eloa que viesse dos ancestrais
Queria cantar na rua um teatro
um teatro sem truques,sem marcas
sem miséria e sem pragas
Queria cantar à uma artista
uma atriz, uma passarinha, uma gota, um suspiro
Queria contar à ela sobre as vindas dos ciganos
um engano quando se acha parado
Ciganos vivem por aí,imaginando...
Queria cantar, contar, dizer
sobre as 7 maravilhas do mundo
mas me pego olhando apenas uma
que é teu sorriso além-mundo.
Não mais queria.
Quero contar e cantar
sem fraquejar nas entradas das estradas
quero dizer à esse pássaro - passarinha -
que o que escreve é tão real
igual ao mundo que imagino
quando leio teu alma por entre as letras que se formam palavras
ideias, conceitos
À ela, que quero cantar
sem hesitar
uma canção de amar..."

À Ludimilla "Passarinha" com todo carinho do seu amigo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Telefone"

Olho desesperadamente o telefone.Ele não toca.Ele não dá sinal de vida.Ele mesmo, tem vida própria?
Fico esperando voce ligar.Dar um alô, talvez, um olá, como vai?Eu vou bem e vc?Nada.Está sem vida.Sem sua vida própria.Sem proprietário.Sem operário.Sem o Mário, José, João.Sem eu.Sem voce.Sem ninguémSerá que ela, ainda lembra de mim, com seus olhos de jasmim?Ou será aquele sorriso que tanto eu vi, escorrendo pela sua boca naqela noite, que nem mesmo eu lembro quando foi?!
E nada ainda do tal da porra do telefone tocar.Ando pra lá e pra cá.Acendo um cigarro atrás do outro.Olho pela janela do meu quarto, bagunçado,roupas espelhadas, a rua lá fora.A chuva cai e penso que “é o fim do mundo”.Imagino daqui alguns anos como estarei.Velho, careca, barbudo e sem ninguem.
Existe alma-gêma?Existe algum gêmeo meu perdido por esse espaço sem fim?Deve estar em Marte, Vênus, Plutão.Lá longe para não trombar em meu caminho e fazer dele,o seu próprio.
Continuo andando de um lado para o outro.Minha cabeça vai explodir.Tomo um remedio e ponho duas pedras de gelo no meu Wisky que já está acabando.Páro.Lembro que hoje é o aniversário dela.Ligo pra ela pra vê se a porra do caralho do telefone tem vida.Tá chamando.Fico apreensivo.Pergunto por quê?!E descubre que fazem 3 anos que não a vejo.Esqueci-me do teu rosto e do teu sorriso.Será o mesmo ainda, do bem-ti-vi?Qual bem-ti-vi?São tantos que eu mesmo já me esqueci.Caiu na caixa postal.Será que se ela atender irá reconhecer minha voz?Ou se eu falar meu nome, será que vai dar uma de “desculpa,não conheço ninguem com esse nome, acho que é engano'.” e desligar na minha cara?Como alguem pode desligar o tal da porra do caralho do telefone na cara de alguem falando a distancia?!Ora,ora,ora.
A chuva continua cainda la fora, será mesmo o fim do mundo?
O diluvio vem chegando para acalentar nossos corações e fazernos lembrar que a morte é nossa unica certeza.È quando damos valor à vida: 'eu vejo a cara da morte e ela estava viva, viva'
Sento-me no chão.De taco.Todo sujo.As baratas passa e disputam restos de comidas com os ratos.Ah!Não estou sozinho.Tenho alguém que hoje me fazem companhia.Será eu uma parte deles?
Que nem mesmo eles sabem que eu exista e acham que sou um louco que escreve sem ter o que fazer.Podendo limpar toda a sujeira onde eles saciam.Eu dou vida à eles.Alguém tem que dar a vida.Não sou mulher mas,dou a luz à alguem.Dou a continuidade da existência.Da vida.
Afinal de contas, onde estou que essa porra do caralho da merda do telefone não toca?!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"...ele não bate na porta..."

Por alguns instantes o passado veio a tona.Palavras ditas e jogadas fora.Desejos queridos e esquecidos no mar.Por alguns instantes o passado voltou como gota de orvalho.Um oásis sutil.Um deserto vil.
O passado volta sem porquê, quando, como e onde.Não avisa.Não marca horas.Ele chega de repente e depois vai embora.Trás consigo oras lembranças boas oras lembranças que queremos esquecer.Mas ele vem.Vem sem perguntar se a porta está aberta.O passado não bate na porta.Ele vem pelo ar, oxigenio.Pela fumaça do cigarro.Pela sonoridade do coração.Voce sente, passeia com ele pelo tempo e ele se vai.E voce fica, sentado, lembrando ainda daquele passado que as vezes, se faz tão presente quanto a vida de agora.

Por alguns instantes, todos aqueles sonhos sonhado juntos formaram pétalas de flor.Um girassol.Se formou as cores do arrebol.Formou...O que formou?Nada.Nada se forma quando deixamos de sonhar.Igual um desenho inacabo tentando criar uma forma.Mas ele ainda não tem a devida forma.Podendo ter, se o sonho dele de existir for o mesmo do desenhista que o desenha.Caso contrário não passará de um forma querendo ter vida.

Por alguns instantes o passado voltou.Mas ele não bateu na porta.Ele entrou e depois foi embora esperando voltar outra hora.

domingo, 22 de novembro de 2009

"Onde tu moras"

Tu moras lá
onde nasce o sol
e repousa o luar
Tu moras lá
onde nasce o amor
e retorna os ancestrais
È lá, onde tu moras
Onde nasce o tambor
e ressoa a Nação Nagô
Onde tu moras
veio tua mãe
teu pai,teu filho,tua vida
È lá, bem lá
onde é de Bem morar
onde seu lugar é junto do bem
que vem e vem e vem
Nascer o sol
e ver pousar a lua
è la, onde tu moras
o canto da solidão
inda canta nos corações
quando Mia, cauteloso
de lingua lusitana
do alambique
da cachaça, de Moçambique
é lá, onde tu moras
Onde os Deuses
Orisas
Onde Yemanjá
quando encanta Janaina
quando encanta  o pio do pássaro
onde encanta aquela que anda
onde ecoa o grito de Fernanda

À Fernanda Almeida pela sua energia que vem de lá que me alimenta
onde ressoa os tambores de todos os Orisás

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"è doce morrer no mar..."

Daqui alguns dias, este poeta que escreve aqui; este velho ancião que acordou menino (palavras de Rubem Alves).Completará anos.Sempre fiquei meio assim.Temos medo da velhice.Mas, disse me algum amigo meu.Espero que ele nao leve a mal por nao ter lembrado o nome dele.Esse amigo cujo o nome se vai aos pensamentos, disse-me que completar anos é magnifico.Que mostra nossas experiencias.Aventuras.
E concordo com ele.Apesar de termos medo do futuro e da velhice, consequentemente, temos que ser grato com a vida, de nos dá mais um ano dela.Para que possamos viver mais intensamente e tentar fazer tudo àquilo que ainda não conseguimos fazer.Mesmo não sabendo quando vamos morrer ela nos dá a benção de vivê-la.E/ou lembrar daquilo que vivemos.

Charles Chaplin disse a seguinte frase:"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha. É porque cada pessoa é unica e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida deixa tudo de si e leva um pouco de nós. Essa é a mais doce prova de que na vida as pessoas não se encontram por acaso."
È exatamente assim que a vida nos dá.Quando deixamos algo para ela e levamos conosco algo que ela nos deixou.

Como disse Dorival Caymmi.O poeta do mar: "é doce morrer no mar".

È onde quero estar quando deixar de compor.Pois, do mar viemos e para o mar voltaremos.Levo o que vivi e deixarei minha estória: para que posso acontecer sempre, existir sempre, mesmo nunca tendo acontecido.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Ultima Primavera"

Esqueci-me dos teus olhos
teu sorriso me vem como névoas
Esqueci-me do teu perfume
tua alegria pairou no ar daquele friúme
Esqueci-me do jeito que tinhas de menina
teu sonho se foi junto com a última rima.
Esqueci-me do teu rosto
Esqueci-me dos teus desejos
lembro-me apenas dos lampejos
quando te olho no antigo retrato de fotografia
que se finda junto com os passos
que dei em tua companhia.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Pergunta"

Por que a razão desconfia dàquilo que o coração senti?

domingo, 8 de novembro de 2009

"Abrindo a porta"

Vivo um sonho
sonho construido de minha imaginação
ou será mesmo realidade que vivo,
porque quando te vejo, bate desconpassadamente meu coração?!

Vivo acreditando naquilo que eu mesmo contruí
abro a porta e deixo voce entrar
depois fecho e não a deixo mais sair
me sinto feliz quando contigo posso sonhar.

Quero ser teu assim
seu pai, seu filho, sua mãe
peço-lhe sua mão
e lhe dou um beijo amanha de manhã

Acordo sem pensar
sou teu como sou do ar
tu és minha como ondas do mar

Deixa-me entrar dentro de ti
e peço,gentilemente,não me deixe sair
deixo-te entrar em mim
para sermos felizes,assim!

Àquela moça que hoje me faz sonhar
quando me lembro dos teus olhos
que tanto me faz amar!

"Dorival Caymmi"



Fiz uma viagem
Bem longe do mar
Talvez encontre com a Rainha
Na festa de Yemanjá
Dora me acenou um dia
na sacristia da igreja
foi pra algum lugar
onde vive a alegria
Peguei minha jangada
fui até Itapoã
encontrei alguns pescadores
que me contaram suas tantas histórias de amores
Quando cheguei na Bahia
comi aquele vatapá
que apenas a baiana sabe fazer
sem nunca deixar queimar
Quando cheguei nesta cidade
deparei-me com a linda Gabriela
que disse para eu ficar
respondi que ficaria
com sorriso nos lábios
fui viver também minha alegria
Minha jangada voltou só
fiz uma rede na varanda
e fui ouvir aquela canção
o vento soprou na minha cara
quando apereceu meu amigo João Valentão
Fui me benzer no terreiro
de minha mãe menininha
que disse que meu amor
aqui eu iria encontrar
pediu-me que fosse até o mar
para saudar a Rainha de lá
São tantas estórias que tenho pra contar
que é mais fácil eu assim cantar
porque eu quero morrer
o bem de amar
como me confessou aquela vizinha
lá do lado de fora:
'é doce morrer no mar'!

"Acorda"

Acorda.
Abre os olhos.
Levanta-te e se apruma.
O dia começa
sem saber em quantas pedras irá tropeçar
Sem saber se a metereologia acertou: chuva ou sol?!
Acorda.
Penteia-te os cabelos
deita-te na rede que colocou para àquela visita
que nunca veio;
descansa tua alma teu corpo teu espirito:a vida requer energias
para seguir assim.
Acorda.
È facil viver a vida
dificil é viver no sonho...

"Sonho da Atriz"

Buscastes no palco
a triste ilusão perdida
Se foi com ela os sonhos
mas ficaram as alegrias da vida
Vivestes o sonho da Atriz
morreu,sofreu,amou
num palco sagrado, enfim
Fostes embora a pé
cantando a vida como ela é
Correstes dos pesadelos
suou e cansou até se saciar
Dormistes exausta no sofá do camarim
Fizestes um brinde sozinha
abriu a janela e sorriu pra lua sem fim

"Passado e Presente"

Não sou àquele que busca a perfeição
Não sou àquele que tudo pede sem nada dar.
Não sou nada além de mim mesmo
Não sou nada além do começo e do fim
Se ontem fui ator
hoje não passo de um espectador
Se amanha eu me tornar um ancião
é porque outrora fui um fraco vilão
Não sou àquele que espera para viver
sentado esperando algo acontecer
Sou àquele que com intensidade
vive a realidade que a vida nos dá
Mesmo sem saber qual será nossos caminhos
vivo respirando o ar do mar
e colhendo todas as rosas com espinhos

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Canção"

A vida é bem engraçada.Tem coisas que acontecem conosco que, por mais que sejamos seres racionais, nossa própria razão desconfia.Não consegue explicar.Entao, fica para o coração, nao explicar e sim sentir.Sentir o que não pode ser dito: "Quando racionalizamos àquilo que sentimos, deixamos de seguir um fluxo natural da vida."
A vida tem seus fluxos naturais que não adianta não enxergarmos.Temos que sentir.Vive-la.Apenas isso.Viver da melhor maneira possivel.Intensamente.Pois, a unica coisa que deixaremos aqui na terra para as proximas gerações serão o nome e as histórias que se tornaram estória: para que possa sempre acontcer,mesmo nunca tendo acontecido.
Minha vida é intensa.Ja fui Rei e Ladrão.Ja fui Rapaz e hoje sou um jovem ancião.Não penso no amanha apenas.Imagino o amanha que nem o Bob (sim, do Fantástico Mundo de Bob).
A vida é boa para vivermos em apenas um lugar só.Não somos brasileiros.Somos seres humanos, habitantes da terra.Portanto, somos terráqueos que os seres de outros planetas tentam conhecer.Mas, estamos muito aquém deles.Quando deixarmos de ser orgulhos,maxistas e preconceituosos, talvez não mais existiríamos.Talvez...
Sigo cantando canções de amor para o amor.Do amor com o amor.De tudo.Seja em frances ou em portugues.Seja em bantu ou tupi guarani.Seja em japones ou espanhol.Pouco importa.O que importa é o que e à quem vamos cantar, contar.

"Canto o amor
que me beijou
que me roubou
que me matou
Canto o amor dele
o amor dela
o amor seu
o amor meu
Canto o instante
nesse constante gira-mundo
Canto meus prantos
nesse caos insano imundo
Canto sem pensar
Canto lembrando-me do mar
Canto para o jardim
Canto para teus olhos
que sorri assim"

Pois é assim que vou vivendo.E continuarei.Sempre cantando, contando,amando.Pois, o amor que me beijou foi o mesmo que hoje me faz amar.Mesmo sem (querer)acreditar é ele que nas noites de lua me faz sonhar e chorar sozinho sem perguntar qual será meu próximo caminho.
Não há nada mais belo
que o nosso olhar
Vemos o que não entendemos
E sentimos o que não vemos!



Garanhuns-PE
Dez/2008

Parque Ruber Van Der Linden

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Meus 90 e tantos anos..."



"Cansei.Cansei do atos massantes de Shakespeare.Cansei de Grotowski e seu teatro sem cenário.Cansei da feia sorrindo na janela, esperando o principe encantado no seu cavalo branco.Cansei da minha casa.Do camarim as vezes sem luz e sem conforto.Das bocas de cenas remendadas com fita isolante.Cansei de ter que pisar aqui e inventar um amor inacabado.Cansei de voce, que me olhas com medo, querendo fugir deste lugar porque foi obrigado a crescer mais inteligente que o seu irmão.Cansei de tudo que me envolve.Cansei de ter que sentir na rosa, o coração do poeta jovem.Não quero ser estóría da minha história.Quero sim, ter história para saudar minha estória.Cansei de decorar aquilo que só usarei aqui.E mais nada.
Enquanto sou o centro de tuas atenções, meu corpo estremece porque não sou pálio à minhas tantas paixões.Queria fugir com voce.Fugir para poder viver e construir o que neste verossímel tablado se criou com minhas palavras.Eu quero ser o cansaço da minha alma quando repousa naquele macio colchão que comprei no dia do nosso casamento.Quero ser o cansaço da tua vida que olhas despercebida teus sonhos indo contra as tantas noticias.Quero ser o descanço das minhas pernas cançada numa bacia gelada que me fez para me agradar.Quero.Na verdade, quero continuar cansado.Viver cansado.Sem deixar de sentir num friúme por dentro o que tanto me assola.Porque, mesmo cansado e com meus 90 e tantos anos, é aqui que quero lembrar minha vida e deleitar o encanto da minha morte!"

FIM


"Saudação ao Ator"




"Abrem-se as cortinas; Acendem-se as luzes.O ator prepara-se no camarim.Frio na barriga.Ele entra.E entao, tudo é sonho, fantasia, ilusão.Sente o espetáculo na mão e a lembrança no peito.Não tem jeito.Ele é ator.Sente com tristeza a lagrima de uma criança.Chora.Sente com alegria o sorriso de um velha.Sorri.E com um suspiro vindo do âmago da alma, vê na morte a unica certeza.Mas, sabe que é na vida onde se encontra as grandes belezas.Ele termina, agradece o público e volta a ser um transeunte.Que ninguem vê; ninguem o percebe; ninguem lhe ouve.E são nesses momentos cotidianos onde ele mais atua.No entanto,é no palco onde ele relamente enleva.Deixando pra trás as pegadas que dera e pensando no presente que recebera: uma rosa com espinhos que uma criança lhe entregara para acalentar teus arduos caminhos.Ele olha sente sorri e chora e a certeza de que a vida é 'um palco iluminado' e em versos e prosas se vai esperando a proxima hora para brilhar na ultima aurora."

Dedicado ao meu irmão de alma.Vindo de outros lugares, outras vidas.
À voce, meu raro poeta,

Fernando Solera (Poeta)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Pitadas de dor"

O medo que tenho em te ter
é o mesmo que tenho em não querer te ter
O medo que sinto
é o mesmo da coragem que presinto
Não sei nada.
Apenas vivo nesta estrada
que tem doses de amor
com leve pitadas de dor.

"O peso da paixão"

Tudo era de brincadeira
o sol ardia na pele;
o suor esorria pelo rosto;
teu desejo exprimia-se a cada gesto meu.
Tinha dias que tu brigavas comigo
Quando acordava era um bom dia
Quando chegava era um beijo de paixão
e as vezes, teu olhar, sorria de compaixão.
Não me lembro das noites mal dormidas
pois tua presença era clara e constante
não me lembro das lágrimas escorridas
pois teu carinho era alegre e a todo instante.
As vezes me sentia só
feito uma criança quando dorme no escuro
e eram nesses dias que tu mais me amavas
me fazendo dormir sem sentir que tu já tinha partido.
Meu amor por voce foi intenso
e quando disse eu te amo
tudo não passou de um sonho:
partiu sem deixar rastro
apenas a lembraça de alguém
que um dia muito lhe desejou.

À Raquel Fernandez

"Finados"

Saudemos hoje os que ja foram.Que partiram para o além-mundo da vida.Oremos cada um vossas orações partculares à cada seres que ainda nao se encontram entre nós.Saudemos dia 2 de Novembro.Dia dos que morreram.Morreram por morte matada ou morte anunciada.Morreram pelo coragem de nao mais querer viver ou pela falta de, de não querer morrer.

Suplicamos a Vós, que ouvem este grito de pesar.Que sentem com saudade o que a estória torna lembrar.Saudemos os que por aqui vieram e como eles também vamos.Saudamos todos, todos eles: anonimos perante a totalidade; famosos perante a massa.Saudemos o João, José, Maria, Sebastião, Tomé.Saudemos Ricardo, Carlos, Humberto,Gilberto,Roberto.Saudemos Luzia,Luiza,Ligia,Marina,Carolina.

São tantos nomes, sobrenomes.São tantas estorias históricas que pouco deles conhecemos.Saudamos àqueles nomes que não escrevi mas que ainda vivi na memoria dos que ainda vivem.

Oremos, proclamamos a dependencia da carencia em crer naquilo que desconhecemos.Juntemo-nos à todos que por aqui vivem, sem mesmo saber quando será o ultimo suspira pois eu: "Eu me sento/No trono de um apartamento/Com a boca escancarada/Cheia de dentes/Esperando a morte chegar.../Porque longe das cercas/Embandeiradas/Que separam quintais/No cume calmo/Do meu olho que vê/Assenta a sombra sonora/De um disco voador..."

"Deixe-me ser..."

Deixe-me ser a sombra da tua mão
A sombra do teu cachorro
A sombra da tua sombra

Deixe-me ser o que outrora não fui
O que agora me esqueci
que antes tanto menti

Deixe-me ser o teu caminho
As pedras, flores e espinhos
que perdi sem lhe dar carinho

Deixe-me ser àquilo que olhas
o jardim que planta e colhe
o passo dado na aurora

Deixe-me ser o passado
Deixe-me, apenas
que eu cante do teu lado

"Vestido Azul"

Quando lembro-me do teu beijo
meu corpo estremece
Quando me lembro dos seus olhos
meu corpo padece

Inda lembro do teu sorriso
sorriso viril de bem-ti-vi
que não sabia mais o que era isso
esqueci-me de tudo,menos do que vivi.

Sinto teu perfume por toda minha pele
que ainda não amadureceu
Sinto tuas lágrimas que dera
que tanto me rejuveneceu

Lembro-me quando te vi
vestido azul igual uma borboleta
parecia que entrava no céu
daquele teu imenso jardim

À Kelly Oliveira

"Navio de Estórias"


O percusso que ele faz, também farei.O mar que ele desliza, muito ja mergulhei.O sol que rasga o diafragma minha pele muito ja queimou.Irei junto com ele.Onde?Eu sei.Mas não falo, apenas sinto.Sinto que cada dia que vivo nesta cidade de pedra, mais perto estou chegando de onde quero ir.Por que?Eu sei.Mas, não me importa ficar aqui explicando o porque disso, porque daquilo.Eu sei e ponto final.Não vim aqui escrever um livro e sim contar minha 'estória'.Estória que se escreve com E pois não tem pretenssão de se tornar história.Como disse Guimarães Rosa :''a estória não quer se tornar história''.Acrescento uma frase de Rubem Alves, no livro "O Velho que acordou Menino": ''A história acontece no tempo que aconteceu e não acontece mais.A estória mora no tempo que não aconteceu para que aconteça sempre".

Minha vida, portanto, é um mar de estórias que mora no tempo que nunca aconteceu para que possa sempre acontecer.E os caminhos que irei, junto com o navio percorrer, será o mesmo que me trará de volta.Sem saber em qual porto irei parar.Em qual porto reencontrarei àquelas estorias que hoje me faz crescer.


domingo, 1 de novembro de 2009

"Aiô"

Gira no terreiro.Gira a cor.Gira a moça preta dos ancestrais africanos que no terreiro de Angola libera a dança que em ti se aflora.Gira Iãnsa.Gira Pai Ogum.Gira todos as cores de nossa mãe Oxum.E gira.Gira.Gira.Deixe a gira girar.A mãe preta que nos olha no terreiro.Saudamos nossa terra nagô que os negros oriundos do Yorubá, trouxe na malemolência as danças desconhecidas e hoje marginalizadas.Gira no terreiro da Mãe preta.Evoca o desconhecido tão querido porem, preconceituosamente pejorativo.
Gira os escravos Bantus, Voduns e Nagos.Deixem finalmente girarem as tribus desconhecidas."Descarrega este terreiro de minha mãe Oiá"
Saudamos com reverencia essa gira e nos encontraremos num futuro ilusósio todos que hoje não enxergam a nossa cultura vinda dos navios nagreiros.
E o samba encerra esta saudação tão esquecida por nós e tão dilacerada no peito dos nossa ancestrais negros mas que ainda ouvimos teus cantos por entre ruas e becos de qualquer cidade do Brasil

"Calunga qui tom´ossemá. Calunga qui tom anzambi, aiô"

 
"Aiõ meu Povo de Angola.Meu povo de Benin.
Que faz ainda parte de mim
E ouços teus cantos de cantos em prantos
Tuas lágrimas em sangue
Tua cor de mangue
Aiô meu Povo Nagô
dos gritos dos 'tambô'
tambor de minas
crioula
ouço o eco do 'sinhô'
Aiô meu Povo Jeje
que da alma se faz gente
dos dialetos que a terra sente
dançando nos terreiros
que aqui se faz presente.
Aiô meu Povo Ketu
onde sentem nas encruzas
o marasmo de Exu
sua cachaça e seu cigarro
perfumando as estradas
dos escravos outrora refujiados.
Aiô meu Povo Brasileiro
que na alma carrega o sangue negro
dos mesmos que hoje
voce açoita com preconceito
esquecendo enfim que eles
estão dentro dos nossos peitos.
Aiô todos os escravos
esquecidos nos porões
dos também esquecidos
navios negreiros."

sábado, 31 de outubro de 2009

"Três''


São três.Apenas três pequenos transeuntes que, delicadamento caminham tranquilo pelos caminhos da terra.Segue o instinto apenas do caminhar.Não penssam.Não falam.Não ouvem.Não fazem nada.A nao ser caminhar.Sabem que se pensar, pararão na primeira oportunidade que aparecer.Não querem.Não falam.Sabem que se falar vão parar para ter que ouvir, obrigatoriamente, o outro.Não querem.Não ouvem pois sabem que terão que ouvir à tudo que escutarem, prestar atenção nàquilo que nao querem.Pois seu unico objetivo é apenas caminhar.Pra onde?!Pouco importa.Para saber onde vão terão que pensar e para pensar terão que parar para racionalizar.E isso, eles não querem.Querem seguir o instinto.Seguir algo que sentem.Apenas isso eles fazem.Caminham e sentem o ato de caminhar.Eles os fazem com tanto vigor que nos dá inveja pois, enquanto eles já estão fazendo que é, caminhar, nós estamos parado pensando, ouvindo, falando para onde temos que ir.Por quê?Porque eles não pensam, apenas caminham.E nós pensamos e deixamos de caminhar.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Um sonho chamado carnaval"

Era carnaval.Estava tudo muito bonito, animado.A noite.As pessoas.Tudo estava como ele queria.Alegre, descontraido.Indo cantar em mais um bloco.Os amigos seguia, junto com ele, a multidão.E tudo era festa até que...

Ela, moça sorridente, dançava que nem menina.Uma menina colorida.Dos traços de retalhos e dona das folias.Dançava feito ave.Pulando e voando em mais um bloco.

Era carnaval e eles se encontraram.Ela, com seu vestido florido, com sorriso nos lábios e um olhar de menina.Ele, simples, com seu chapéu de cor preta e um bilho no olhar, também de menino num suspiro aliviado da noite, eles se olharam.Ficaram eternos cinco segundos ''apaixonados''.Um contemplando o outro.Sem se perder naquele singelo olhar profundo.Dançaram.

Parecia que eles foram feitos, assim, naquele instante, naquela noite, um para o outro.Que nem Colombina e Pierrot.Não precisavam dizer nada.O olhar que ambos se deram; os gestos que faziam enquanto dançavam àquela marchinha.Dançaram tanto que os corpos se entrelaçaram; os olhares diziam àquilo que as palavras não conseguia dizer.Foi então que...

A noite virou mágica.A lua brilhava mais que antes.As estrelas bailavam no universo.Tudo era festa, alegria, sorrisos e encantos.Fantasia, contos e carnaval.Não bastasse a alegria dos dois, veio a chuva.Sorriram mais ainda.Dançaram em plena poça que fazia na rua de paralelepipidos.Se molharam.Se beijaram feitos pássaros nos ninhos d´uma noite de luar.Até que...

O sol nasceu.O outro dia se tornou um novo dia.E tudo que viveram não passou de uma incrivel e enterna lembrança.Por ironia do carnaval, ele se apaixonou.Viveram digamos que um sonho.Um sonho chamado carnaval.

E foi assim.Mais um sonho.Mais um carnaval.A vida segue em ritmos pois, o destino é a gente que faz.O cenário, somos nós quem criamos.E o amor nós inventamos!

"Retrato"

Ela veio e se foi rapidamente
não sei por quantos dias
não sei por quantas horas
essa ausencia durará
partiu pra bem longe
tão perto do rio
tão longe do sol

Ela veio e se foi silenciosamente
só vejo teu olhar
no horizonte distante
que é perto do mar
Mas ainda sinto teu perfume
e ouço tua voz vinda daquele espaço
onde brilham as estrelas
e repousam as lágrimas de um olhar.

Ela veio e na beira-mar ficou
não sei por quantos segundos
não sei por quantos minutos;
apenas a vejo lá,
naquele mesmo lugar
onde nasce o sol
e repousa a lua;
e em cidades e cidades
percorrerá as estradas
onde perde-se uma história
e comemora-se uma vitória

E enfim, se foi
deixando apenas lembranças
de meros e singelos momentos
que perto dela passei
mas a saudade será eterna;
mesmo que termine essa ausência,
ainda olho o retrato dela

"Teu Dono"

Nos seus olhos quero ver estrelas
brilharem iguais as do céu
Quero ouvir as notas
da melodia dos versos de Noel
Quero sentir a música
como se fosse um cantor de blues
E ser um menino
à cantar nas noites de céu azul.
Quero uma rosa sem espinhos
para te dar e acalentar teus arduos caminhos
No final, quero ser teu sonho
sem nunca ser teu dono.

"Paráfrase de uma Apresentação"

Aqui está minha vida
Aqui está minha voz
Aqui está minha dor
Aqui está minha lembrança
Esta arei tão clara
Esta concha vazia
Este coral quebrado
Este mar...solitário!



*Paráfrase do poema de Cecília Meireles – Apresentação.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Hora do Almoço"



Foto tirada em Garanhuns - PE
 
Parque Ruber Van Der Linden
 
Dez/2008.

" Achando que ia ser um homem adulto."

Como é difícil andar com os próprios pés.
O mundo (a vida) é uma areia movediça: quanto mais anda, mais você afunda. Você olha pra frente só vê trilhos, trens; olha pro lado vê pessoas indo e vindo; pro outro a mesma coisa; e tendo ainda alguma chance de olhar, olha pra trás e não conhece ninguém. Descobre que não tem mais jeito em voltar ao tempo.Você está aí: pronto pra enfrentar o mundo e ele te enfrentar.Ambos lutam sozinhos.Só que tem um, porém: o mundo já é grande e você não.

Um dia você acorda e reflete toda sua vida. Desde a infância até o presente momento.Sente na pele o quanto era boa àquela época; o tempo de escola; o tempo em que você se sujava todo na pracinha em frente a sua casa.Ia, em muitas vezes, dormir tarde porque estava brincando: esconde-esconde, pega-pega, policia e ladrão.Ou até mesmo com seus brinquedos no corredor do seu prédio, todo espalhado pelo chão.E ficavam dias ali. É!Tempo bom que não volta mais. E quando vem a lembrança, se torna triste, como uma lágrima de eterna saudade.

Lembra quando ia à praia e brincava na areia e se sujava todo?Lutava com as ondas achando que era super-herói?Mas, tinha um problema: nessa época você queria ser grande. Até brincava com os amigos de bicicleta e dizendo que tinha 18 anos, outros 20.Sendo que você tinha 10 e outros 12 anos.Reclamava de pés juntos que queria ser grande achando que ia ser homem adulto...

Achando que ia ser um homem adulto!
Agora, voltando à realidade: você já é maior de idade. Sente agora a dureza que é ser adulto, um homem grande. Brincadeira, esconde-esconde, pega-pega. Não tem mais. Acabou. É outra fase. Antes você não tinha preocupação em pagar conta, juntar dinheiro, pensar no futuro. Mas, já fazia isso, achando que era legal; e a fase de criança, de brincar até se machucar, ia passando lentamente até que...

Até que hoje você jura de pés juntos que quer voltar a ser criança. Mas, é impossível, não tem mais volta.

Quer ser criança? Preserve o espírito, mantenha a alma de criança. Aí sim, sua vida irá ter um outro sentido, mas, não o mesmo de há 10 anos atrás. Contente-se com as lembranças: tristes e solitárias, mas, infinita.E sempre alegre.

Amanhã você não terá que ir à escola e brincar de bater bafo (figurinha) no recreio e nas horas vagas. Amanhã terá que trabalhar por 8 horas. Do outro lado da cidade. Agora pergunto: qual era teu sonho quando criança? Você lembra? Ou não sabia o que ia ser? Pense no teu sonho talvez o da adolescência, pois é mais recente: você sabe?Talvez você mesmo se ajude começando pelo que não quer. Saiba o que não quer que o resto se tornará mais fácil.

Mas, entretanto, você quer crescer, adquirir uma maturidade.Ter algo comprado pelo teu suor.Quer, enfim, construir um sonho.O teu sonho por hora esquecido, talvez perdido, talvez adormecido; ou talvez nada decido e querer começar do zero.Mas, você quer ter experiências novas, conhecer outras culturas, outras pessoas.Mas para que isso aconteça há certos sacrifícios: abandonar a proteção dos pais, amigos, trabalhar 8 horas por dia pra mais, abrir mãos de coisas que gosta e deixar a infância de lado e encarar a realidade.

Agora tudo é novo.De hoje em diante só lhe resta crescer.Portanto, cresça.Mostre que quer construir um nome.Mas, mostre a si mesmo.Ninguém precisa ficar sabendo das tuas fraquezas, inclusive: não as mostre a ninguém.Guarde-as com você ou jogue fora.E se hoje você já abriu mão dessas coisas.Lembre-se que a escolha foi sua.Saiba o que quer que lhe mostrarei como fazer...''torna-te quem tu és”.

A vida requer 3 regras básicas: bota, pra proteger os pés (pois usará muito eles); paciência (nesse mundo de bicho todo o tipo de paciência será necessário) e liberdade.Tenha a tua própria liberdade para escolher onde queres ir e onde queres chegar.Tendo isso em mente.Vá!Tenha fé, força de vontade e lute, muito.Nunca se deixe desistir por um não e nem porque não conseguiu. Pois, um dia: “Terá o universo em sua mão e a eternidade em uma hora...”.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

" Que a vida me diga em silêncio "

" Que a vida me diga em silencio
àquilo que tenho medo de ouvir.
Que os caminhos que sigo
sejam pelos sentimentos que sinto
Que a vida me dê um segundo
para mostrar à ela
quantas saudades eu sinto
quando não a vejo por um minuto
Que a vida mesmo sendo breve e curta
eu possa vive-la com intensidade
mesmo não tendo idade
penso em viver em todas as cidades.
Que a vida seja um mar de amor
que eu possa sentir e desejar
e assim poderei morrer em paz
como um poeta que sente e faz."

"Àquilo que ainda não vivi"

"Tenho suadades daquela foto que nunca tirei;
daquele texto que nunca escrevi;
daquele amor que nunca tive coragem em assumir.

Tenho saudades de tudo que ainda não vivi;
dos caminhos que ainda não segui.

Tenho saudades daquele sorriso de fotografia;
daquele esquina que ainda nao parei.
da criança que não fui ou as que eu já matei.

Tenho saudades do tempo que ainda nao perdi pelo simples fato de querer viver.
Tenho saudades de tudo:inclusive de voce que me vê e me sorri sem porquê."

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

" Não mais que um dia"

" Quero sentir o doce olhar da menina
quero tocar na suave pele femenina
quero beijar o corpo todo nu
quero, não mais que um dia
ser o sorriso da bailarina
ser tua companhia
em forma de fotografia
e dançar valsas em versos
cantar dores e alegrias
e viver, viver, viver.
Não mais que um dia
mostrarei o caminho do mar
o caminho do amor
e o caminho de amar
sem saber em qual estação...
Ah!, em qual estação
o trem irá parar."

"Passos de Tango"

"Não sei por quantas horas
não sei por quanto tempo
a vida passará e sentiremos apenas o vento
sem tocar o coração: vê e choras.

Não sei por quantos minutos
nao sei por quantos meses
os caminhos serão esses
e virarem passados em questão de segundos.

Não sei por quantas noites
não sei por quantos dias
apareçerei de repente e me lançarei na vida
seguindo o ritmo das estradas e dos montes

Não sei com quantos cantos
não sei com quantas canções
minha vida seguirá em passos de tango

Não sei com quantas paixões
viverei nesse caminho!
Fecharei o livro e deixarei a página em branco."

" Quelqu´un un jour"

" Je te rencontre par ici, mon amour.
Quelqu´une nuit.
Quelqu´un jour..."

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Ah, saudade

"Saudades que sinto
saudades da idade
saudades que imagino
saudades da cidade

Saudades do sorriso
saudades do encanto
saudades do paraiso
saudades do canto.

São tantas saudades
tanto preço, tanto apreço

São tantos cantos, tantas canções
São tantos mares, trindade.

São tudo aquilo que sinto
que, dizer não consigo
mentir muito menos
vivo e sinto
e nada mais."

"...que as crianças cantem livres..."

È dificil escrever algo que sentimos quando estamos com medo em dizer.Pergunto: Medo de quê?do novo?do que pode dar certo e acaba não dando?naquilo que determinamos sem saber se estaremos vivo amanhã?Pois é, nós próprio respondemos com perguntas àquilo que não queremos ouvir.Sejamos franco, puro e realista, temos que encarar nossos próprios medos, receios e caralho a quatro.Que diabos têem em dizer àquilo que sentimos para àquela pessoa?!Creio que seja o tempo.O pouco tempo pois, acreditamos que o "pouco tempo" não é tempo suficiente para se gostar de alguém.Agora faço uma outra pergunta:quanto tempo precisamos para gostar e/ou se apaixonar por alguém?Sendo que o tempo(horário)foi criado pelos homens há anos atrás (poem anos nisso)para facilitar que horas começa e termina o dia.Portanto, quanto tempo temos para sentir, saber que gostamos daquela pessoa? 1 ano; alguns meses; dias?

O fato é que deixamos de pensar na vida em si, deixamos de andar, correr, amar, brigar, errar com medo do que voce mesmo vai pensar de si próprio e acaba consequentemente ligando pelo que o teu vizinho vai dizer. Foda-se voce e ele.Sejamos mais honesto conosco mesmo e com teus sentimentos.Somos aquilo que praticamos, fazemos e não o que falamos e deixamos de ouvir.

O medo de querer fazer, querer acertar, querer que dê certo e nossas fantasias e expectativas acaba atrapalhando nossas caminhadas.Deixemos de tentar.Deixemos de viver.Necessitamos de segurança para dizer àquilo que nos impede.O medo da critica, do julgamento errôneo e de saber como a outra pessoa vai encarar e se vai aceitar e entender o que estamos dizendo, sentindo.

Deixaremos agora as coisas acontecerem por si mesma.A vida é simples.Porém dificil.Assim posto, porém, não quero deixar de ter medo muito menos receio.Quero ter mais coragem para viver e força para que tudo aquilo que me impede em fazer eu o posso fazer simplesmente pelo fato de seguir àquilo que sinto.

Sentimento não se pensa.Se senti (por isso mesmo: sentimento = sentir+momento.Minha teoria)Quando racionalizamos àquilo que sentimos deixamos de seguir um fluxo natural da vida.O dia em que o rio pensar se deve ou não cair no mar, é sinal que o mundo está do avesso ou alguma coisa parecida.Porém, creio que isso nunca acontecerá:não se compete com a natureza, no mais tentaremos seguir e sentir suas energias.

Disse um cantor a seguinte frase: "E que as crianças cantem livres sobre os muros E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor E que o passado abra os presentes pro futuro Que não dormiu e preparou o amanhecer..."

Portanto, observaremos mais as crianças.Deixemo-nos permetir e se permetir que as coisas aconteçam.E assim, elas nos ensinará a sonhar como crianças livres que cantam através dos muros.E sonham sem temer a dor.

Fotografia

"Um olhar.
Apenas um olhar.
Que tudo vê.Que tudo sente.
Um olhar sutil, peculiar.
Mas,apenas um olhar.
Um olhar lateral que pressente;
um olhar in focco que clareia;um olhar de longe que repara.
A lente, o foco, a velocidade ímpar do respirar do diafragma mistura-se com a luz daquele olhar.
Um olhar singelo.
Um olhar do novo e do acabado.
Do começo e do fim.
O Olhar vê aquilo que sentimos.
Sentimos aquilo que vemos.
Todavia,continue olhando e verás que o mundo é pequeno quando se tem a alma grande...''

"Um inesquecível noite de junho.''

" Naquele dia a lua estava fria tão fria que pude sentir sua frieza de longe.Deixando naquela noite uma recordação impagável, meus olhos viraram lágrimas de sangue.
Eu, arrastada por quatro homens numa precária aldeia velha e inacabada; arrastada pra dentro como se fosse uma cabrita à ser sacrificada, pude sentir àquela dor aguda penetrando meu frágil corpo, acabando com todos meus sonhos de mulher.

A lua que com sua frieza arrepiante chorava as lágrimas.E junto com as minhas, meus olhos morreram de dor e tristeza.Quando acordei.Tudo me era estranho.Inclusive eu.Queria sair daquele corpo correndo, como se ele nunca me pertencesse.Aquele corpo nojento, sujo, sofrido.Queria matar aquela alma e a todos os canibais, bichos que chamamos de homens.Queria matar aqueles miseráveis que por pura crueldade fizeram a lei com suas próprias mãos.Mas, infelizmente, não morreram e sim, meu corpo e junto com ele, os sonhos e desejos de mulher.Roubaram minha dignidade e por mais que tente esquece-los, torna-se impossível, pois, quando fecho os olhos ou mesmo quando vou dormir, eles aparecem sorrindo, igual àquela lua fria e solitária daquela infinda noite de junho."

Texto criado depois de ler o livro Desonrada, de Muktar Mai

Mar

"Leve-me para o mar.
Deixa também ser, filho de Yemanjá.
Leve-me para as ondas
Quando elas batem na pedra, sinto minha presença no universo.
Leve-me.Para onde voce for
Quero sentir a brisa do mar, tocando meu corpo, sem perder o jeito de criança de amar.
Apenas, me leve, pois não sei qual o caminho que nos separa
Será o mesmo que nos trás de volta?"

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um modo de ver Santos.

Tempo de um Olhar

"De noite me olhas
De dia sorri
De manhã se abre
com os olhos da atriz.

De tarde amadurece
noutro dia envelhce
no passado disfarça
e no futuro acha graça.

No agora se faz ausente
outrora uma luz resplandecente
de madrugada se faz menina
e numa manha qualquer:
nasce uma mulher!"

Paráfrase de um velho ancião

" Eu, um velho ancião, impregnado de uma sensação tórrida, morto por um sentimento ingerido e não digerido, vou a caminho do quarto, no beco, onde nem o sol consegue se por.Vou junto a ela, a bela Delgadina.Coberta por um lençol branco de cetim, pestanejada de sonhos fantasmagóricos; abandonada num leito de quinta, abandona a vida: com um beijo de batom em meus lábios mortos, fechou os olhos e se voltou contra mim.

Nu, deito-me ao seu lado.Coloco a sonata do velho Caruso e, beijando seu frágil corpo delicado, lágrimas escorrem dos meus olhos e um pânico de adolescente me invade sem piedade e a certeza de que o amor que tanto fugi foi o mesmo que hoje me matou. ''

"Depois da tempestade a calmaria"

Foram quatro dias.Quatro dias intenso.Quatro dias de conhecimento interior.
Agitação.Briga.Tapas.Choros e pouco risos.
Entrei em coma de peito e coração aberto.Sem pré-conceitos, sem idealizações, sem fantasia.
Apenas fui.
Fui ter/viver uma experiencia que até então nunca tinha cogitado e além do mais se fosse alguns anos atrás, nao teria ido e/ou não teria terminado.Minhas viagens, experiencias de vida, me deu uma maturidade que até entao só conseguiria adquirir se fosse viver.Pois foi o que fiz.Fui viver.Quebrando a cara e tudo o mais.
O ultimo dia pra mim foi o melhor e pra muitos o pior(depende de quem observa, vê).
Morri.Fui obrigado a matar meus sonhos pelo simples fato de ter que escolher um.Quando sobrou àquele sonho que hoje é o que me move.Simplesmente mataram-o.Não tive raiva.Não tive rancor, nem ódio e nem nada.Me senti como uma criança com 8 anos de idade quando perde sua base, ou seja, seus pais.Morri.
Morri por horas a fio.Olhar vago.Olhar de morte.Olhar de morto.Olhar de criança da descrença da vida e de tudo em que acreditava.Foi real o que vive.Doeu não no cérebro.Doeu no coração.Na alma.No corpo.
Algumas horas se passaram e voltei.Voltei através da respiração segura.Um controle que até entao pensamos que nao temos mas, temos.Basta ter a devida consciencia de si: do corpo, da alma e do sonho.
Foram quatro dias de pura dedicação.Quatro dias de agonia.Quatro dias que não troca por nada, nada que eu ja tenha vivido.
Usarei palavras de uma amiga que também é atriz: ''...mas no final corre bem, com o sangue fervendo, com as amídalas saltando, com as pupilas emocionadas e de mãos dadas agradecemos a atenção [...] e nada deixaremos no palco além da saudade..."
E com minhas palavras encerro: nada deixaremos na vida se não a doce lembrança da saudade.

Fotografias

"Sabes o caminho do mar
o caminho do amor
e o caminho de amar.
Sabes que a vida é simples
tão simples como uma borboleta azul voando em outros ares.
Sabes o olhar da dor
sabes o sentido de tudo e do nada
e o caminho da estrada.
E são tantos que fica perdida em qual seguir
Anda,anda e anda
E nunca pára
Pois,tambem sabe que
a cada passo que dá
a cada segundo que vive
tua vida torna um mar de fotografias"

A vida de um contadô

Hoje é dia de romaria
Acenda três velas a ave Maria
Cinco velas a pai nosso
E sete a vossa senhoria
Aproveite e faça alguns pedidos
Peça saúde pra viver;
Força pra juvenescer
E um amô pra se te.
Depois do pedido
Druma de janela aberta
Deixe o vento se adentrar
Pois seu pedido assim se realizará

E hoje é dia de romaria
Pai nosso, mãe Maria.
Meu padim pade Cíço
Salve vossa alegria

Minha caminhada é longa
Longa e seca pruque só tem sertão
Sertão pra se vê e água pra si bebe
Mas um dia chego lá
Chego na próxima estação
Que é de graça de ave Maria
Com a benção de sua senhoria
Pruque eu?
Eu sou José Pereira Pernanbuco dos Santos Silva
Vim de lá do Recife
Pra vive minha vida nessa cidade fantasia
Num sô artista não
Sou apenas contadô
Contadô da vida
Aquele que véve o dia
E morre a noite assim como o sonhadô
Um dia conto minha históra
Agora, meu nego, deixe me ir
Pois preciso cume
Pois sem cumida,ninguém véve de pé.

II

Vortei.Preciso conta meus causo
Dos apuros que passei mas, em Sum Paulo cheguei
Passei por lagos, rios e mares
E nunca vi algo tão bunito
Sinti meu coração se debruçar ao longe
Sob todas essas águas cristalinas que a vida, assim, me deu
Eu nasci de baixo de farinha e água.
Aprumo minha rede no terreiro e descanso como menino.
Já dancei nas alagoas, já subi os montes do ribeirão;
Já desci até Sergipe e agora me encontro num as recifes,
D´onde a água só serve pros navis
Sinto uma pena do mundo que
Meu coração parte em pedacinhos
Vou agora pra rede
Descançar minha coluna
E silenciar meu isprito.
Cum sua licença
A benção do meu orixá
Vou já.
Vou sonha com mãe Yemanjá
Agradece a vossa senhoria
As benção que sua força assim, me dá.
Agradeço também a Xangô
Que cum justiça e amo
Rola as pedreiras pra sempre me protege
E, cômo toda vida de um contado
Agora drumo na rede
Pois hoje é dia de romaria
E cum toda alegria
Salve vossa senhoria.