sábado, 16 de outubro de 2010

Pra tudo pede-se licença, menos à ir ao banheiro

Raul escreveu a seguinte frase: "Não sei onde estou indo mas sei que estou no meu caminho".
Permito-me, sem permissão, tomar a mesma pra mim. Estou indo pra algum lugar que nao sei onde. Nao sei se quero ficar ou se quero partir. Não tenho diploma, doutorado, mestrado e caralho a quatro. Não busco especialização de coisa alguma. Não sou burguês. Não quero ser especialista em assunto que se sabe menos cada vez mais. Tento, ao invés, especializar--me em mim mesmo. No Eu que me domina. No Eu que sou mas que, ainda hoje não sei qual é. "Qual flor de uma estação. Botão fechado eu sou.Se amadurecendo pra se abrir pro meu amor"

De tantos poucos caminhos já percorridos. O que mais quero é percorrer o que ainda pra mim é desconhecido. Onde o coração bate com medo mas que a coragem prevalece. "O medo é a nossa coragem" disse Rubem Alves em algum momento que estava com medo.

Nasci por causa de uma barata que minha mãe viu caminhando livremente na garagem do prédio. Ela ficou com tanto nojo e uma mistura de pavor de de repente invadir a casa e não querer mais sair, que a bolsa estourou. Mas, nasci sob o crisma do sol, ao meio dia em ponto. Regido por Sagitário, sou àquele que tudo quer, nada termina, mas que no fim sempre consegue. Cresci ao som de Raul, Eliz,Cazuza. Ouvia Rock das Aranhas e era como se fôsse o mundo de Bob: levava ao pé da letra. "Fazes o que tu queres pois é tudo da Lei" ouvia essa frase, cantava junto e ja entendia: sou diferente de mim mesmo. Li sobre a Lei Thelema, de Aleister Crowley e ja estava me formando. Nada sou a não ser dono de mim mesmo. Tudo posso mas nada é permitido."Não existe Deus se não o Homem".

Vieram outros artistas, novos amigos. E fui me debandar em outras terras. "A estória é uma estória e o homem é o unico animal que ri" disse um cara com nome engraçado do tipo Millôr Fernandes. Somos animais da espécio Homo Sapiens. O que isso importa? Porra nenhuma. Serve só pra quem não sabe ler.

Vou indo esse mundo afora
Num canto que é tão valente
Que mesmo se está contente
Fala sempre e a toda hora
quase num tom de quem chora
[...]Preciso de um canto longo
Pra explicar tudo que digo
Pra nunca faltar comigo
E lhe dar tudo o que trago.
[...]Apenas atiro certo
Na vida que é dirigida
Pra minha vida tirar


Cantou Geraldo Vandré sob a mira do exército.

Tenho a minha terra. Onde o mar é escuro e a areia gruda como quem não quer mais sair. Mas é minha terra. E dela, tenho permissão pra falar.

Nesse mundo, pra tudo pede-se licença. Fazer arte na rua; ao sair da mesa; passar pela multidão. Menos à ir ao banheiro!

Eu vou fazer o que gosto. Eu vou fazer o que gosto. Eu vou...

2 comentários:

  1. Cara, gostei desse teu curriculum mortis, como o meu Medusa.

    http://olho-roxo.blogspot.com/2010/03/o-muro.html

    A reivindicação final é sensacional. Eu vou fazer o que gosto. Eu vou fazer o que gosto. Eu vou... Porra.

    Beijão!

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