quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Um inesquecível noite de junho.''

" Naquele dia a lua estava fria tão fria que pude sentir sua frieza de longe.Deixando naquela noite uma recordação impagável, meus olhos viraram lágrimas de sangue.
Eu, arrastada por quatro homens numa precária aldeia velha e inacabada; arrastada pra dentro como se fosse uma cabrita à ser sacrificada, pude sentir àquela dor aguda penetrando meu frágil corpo, acabando com todos meus sonhos de mulher.

A lua que com sua frieza arrepiante chorava as lágrimas.E junto com as minhas, meus olhos morreram de dor e tristeza.Quando acordei.Tudo me era estranho.Inclusive eu.Queria sair daquele corpo correndo, como se ele nunca me pertencesse.Aquele corpo nojento, sujo, sofrido.Queria matar aquela alma e a todos os canibais, bichos que chamamos de homens.Queria matar aqueles miseráveis que por pura crueldade fizeram a lei com suas próprias mãos.Mas, infelizmente, não morreram e sim, meu corpo e junto com ele, os sonhos e desejos de mulher.Roubaram minha dignidade e por mais que tente esquece-los, torna-se impossível, pois, quando fecho os olhos ou mesmo quando vou dormir, eles aparecem sorrindo, igual àquela lua fria e solitária daquela infinda noite de junho."

Texto criado depois de ler o livro Desonrada, de Muktar Mai

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